[MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] A prenda é a mulher. No dialeto gauchesco, é uma denominação das tantas que tem da mulher gaúcha. A prenda, minha prenda. A prenda minha, é isso, é a minha prenda, minha mulher. É uma conversa assim do gaúcho com a sua mulher. Ele está contando, na verdade, dos seus afazeres, do seu dia a dia. "Vamos embora, vamos embora, prenda minha" "Tenho muito o que fazer" Mais ou menos como se fosse encontro assim dos namorados. Ela é uma canção com compasso quaternário assim, sem muito ritmo, na verdade, de acompanhamento. Eu já vi várias versões dela, e a gente tocou aqui uma primeira parte com a milonga campeira, que é essa milonga quaternária mais lenta que tem esse acento marcado. "tic tum, tic tum, tic tum, tic tum" E na segunda parte mais ligeirinha a gente tocou chote carreirinho, que a gente chama. Que é o chote, como explicou o Bruno, o CH que a gente usa lá no Sul, que é oriundo do schottisch, s-c-h-o-t-t-i-s-c-h, schottisch que é oriundo da Europa, e que no Nordeste tem a versão. É o mesmo ritmo, a mesma célula e tudo, escreve com X lá o xote, e só que no Nordeste é sincopado e lá no Sul a gente toca acento mais marcado. [MÚSICA] E no Nordeste, [MÚSICA] [MÚSICA] Sempre tem esse contratempo, é o que diferencia a mesma célula. A gente tem a primeira parte com a milonga e a segunda com o xote carreirinho. >> Esse aqui é violão de sete cordas, violão muito usado na música brasileira e na música gaúcha de tempo para cá, se usou muito o violão de seis cordas e uma influencia muito grande do Lucio Yanel que é argentino que chegou no Rio Grande do Sul. E acho que dos anos 2000 para cá com a influência de Yamandu Costa que é grande violonista gaúcho que foi influenciado também pelo Raphael Rabello, que é violonista carioca que foi dos primeiros que trocou, esse violão é com cordas de nylon, trocou o violão que era usado com cordas de aço para corda de nylon, e por influência do Yamandu Costa hoje é muito usado o violão de sete cordas na música gaúcha. >> Esse instrumento é o bandolim. É modelo tÃpico brasileiro criado pelo Jacob do Bandolim na década de 1930, com influência da guitarra portuguesa e que nos anos 2000 ganhou par de cordas a mais e hoje é bandolim de dez cordas. >> Apesar do tamanho, que é instrumento super reduzido, é o acordeon que no Rio Grande do Sul é conhecido como gaita, gaita de ponto. Gaita de ponto na verdade são botões. Quando tem teclado é gaita, acordeon, mas é acordeon o nome certo. [MÚSICA] [MÚSICA] [MÚSICA] >> Como todo o ritmo tocado ele não é fechado. Se a gente escrever padrão só não vai ser uma representação muito fiel do que é, porque depende muito da variação entre as peças. E uma coisa que acontece dos ritmos gaúchos é que eles geralmente são tocados com o bumbo leguero, que é instrumento bem rústico, bem tradicional de lá, que é usado tanto na Argentina, no Uruguai, quanto no Rio Grande do Sul, que é com pele animal e tocado com duas baquetas. Por isso até que se eu for usar alguma coisa gaúcha eu uso esse som de som de surdo mais abafado assim. [MÚSICA] [MÚSICA] Que imita pouco mais aquele som dele. Então, a função do bumbo no caso da bateria, meio que tenta imitar pouco isso, esse som de aro [SOM] que no cado leguero é de madeira. Eu acabo tentando imitar aqui com essa mão esquerda, e a mão direita é para tornar meio que mais baterÃstico a coisa, meio que não tem muito esse som aqui. [MÚSICA] E acaba mais para dar uma ligada mesmo, para tocar eu acho que funciona legal. >> Sobre o ritmo só, sobre a divisão rÃtmica, só fazer adendo, que o americano gosta de marcar quatro tempos, mas aà há uma grande diferença que eu já dei aula para norte americano de cavaquinho, já conheço pandeirista, violonistas, e o pessoal sempre tem pouco de dificuldade assim de aprender os ritmos brasileiros. Eu acho muito por conta do pensamento mesmo. Porque escrever quatro a gente tem uma ideia de que tem dois, três, quatro, dois, três, quatro. Aquele semiforte no três, que na verdade para a gente pensando dois é e e dois, dois, dois, não tem o semi. Então entre esses acentos fortes que são mais recorrentes mais curtos tu colocas as sÃncopas, e acho que é uma forma de pensar pouco diferente que leva a engano. E há uma dificuldade maior à s vezes na hora de pegar "iii' tocar quatro mas o xote quando a gente tocou mais rapidinho a gente pensa no dois e acentua no dois, porque se não ficaria schottisch europeu, quatro tempos. É outro acento que dali a gente extraiu e compactou aquilo e deu o sotaque. Então, acredito que a coisa do swing mesmo na música brasileira é culpa do dois por quatro, e eu vejo as partituras dos amigos, na Europa também o pessoal costuma colocar quatro por causa talvez dessa proximidade com o jazz também, que tem mais músicas quatro tempos, mais do que dois. É costume, mas o lance de ficar mais natural a percepção do swing da música brasileira quando tu pensas dois. Então, essas adaptações, eu acho que na verdade teria que tentar tocar dois mesmo, ler dois e pensar dois para conseguir chegar mais próximo do swing mesmo, não da execução rÃtmica que é dois quatro fica igual mas capturar o swing mesmo da coisa.